domingo, 11 de setembro de 2011

11-9


Olho por olho, e o mundo acabará cego”, Mahatma Gandhi


A mídia eletrônica repercute insistentemente a data 11-9: o mundo mudou, dizem alguns, segurança máxima, provocam outros. Do norte sopram ventos de dor, incompreensão e confusão.

Do sul, porém, os ventos são mais frescos e carregados de esperança. “La Moneda”, em Santiago, observa com olhos impávidos a mobilização pacífica e massiva de estudantes exigindo educação pública, gratuita e de qualidade, negada sistematicamente desde aquele 11-9 de 1973. Aquela terça feria pela manhã, as torres da democracia, construídas arduamente por um tal de Salvador Allende, derrubavam-se sob o bombardeio dos aviões de um dos sistemas mas cruéis que temos conhecido, desenhado precisamente por aqueles que sofreram em carne própria, tantos anos depois, o terror de outros aviões, outro 11-9.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Condor



Difícil achar um símbolo de liberdade tão expressivo como o condor sobrevoando os Andes peruanos. A música “El Condor Pasa” reflete com extraordinária beleza esse símbolo, inspirada na magnificência do Império dos Incas. Embora muita gente ache que a composição é de Simon & Garfunkel, ela forma parte de uma Zarzuela peruana e foi composta por Daniel Alomía Robles em 1913. A letra original é baseada numa antiga canção de amor, escrita em quéchua. A Zarzuela também fala de liberdade. Transcorre num assentamento mineiro em Cerro de Pasco e descreve o enfrentamento de duas raças: Incas e anglo-saxônios. Tão longe esse condor voou, que a música foi incluída no repertório do "Disco de ouro da Voyager", enviado ao espaço profundo, como parte do patrimônio musical que poderia representar à humanidade num possível encontro com outras espécies. No vídeo, uma versão ao vivo do grupo CantAndino, interpretando um arranjo do grupo boliviano Los de Canata.


terça-feira, 14 de junho de 2011

Borgianas





Y la ciudad, ahora, es como un plano
de mis humillaciones y fracasos;
desde esa puerta he visto los ocasos
y ante ese mármol he aguardado en vano.
Aquí el incierto ayer y el hoy distinto
me han deparado los comunes casos
de toda suerte humana; aquí mis pasos
urden su incalculable laberinto.
Aquí la tarde cenicienta espera
el fruto que le debe la mañana;
aquí mi sombra, en la no menos vana
sombra final se perderá, ligera.
No nos une el amor sino el espanto;
será por eso que la quiero tanto.

                                                   Jorge Luis Borges

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cidadãos Ilustres




Nosso  inimigo principal não é o imperialismo, nem a burguesia, nem a burocracia. Nosso inimigo principal é o medo, e o levamos dentro”.
(Domitila Bairros, uma das valorosas mulheres que ajudaram a derrocar a ditadura militar boliviana em 1978).

Noticias sobre o Mercosul aparecem na grande mídia brasileira quando existe algum conflito comercial entre Brasil e Argentina. Geralmente, a disputa é induzida pela FIESP (“Federação das Indústrias do Estado de São Paulo”) e a UIA (“Unión Industrial Argentina”) que pressionam os respectivos governos representando exatamente os mesmos interesses (e o mesmo capital) de ambos os lados da fronteira. Porém, o Mercosul é (ou deveria ser) muito mais do que um acordo comercial para agradar capitais com vantagens alfandegárias. A integração cultural da América Latina precede qualquer interesse comercial. O interesse por facilitar mercados deveria se basear no sentimento de irmandade e solidariedade, esquecido no meio do medo, da desagregação e do egoísmo imposto na América Latina toda desde a invasão européia.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ernesto

                                                                                                 Ernesto Sábato e José Saramago



Muitos personagens da história tem levado por nome Ernesto, de etimologia germânica ernest=serio.
Oscar Wilde em 1895 escreveu "The importnace of Being Earnest", traduzido como "A Importância de se chamar Ernesto" ou também, "A Importância de ser Honesto". É que o escritor irlandês brinca com os fonemas ingleses Earnest/Ernest, usados para identificar a personagem imaginária de sua comédia.

Aqui no Brasil, Ernesto lembra o general gaúcho que governou durante os anos 1974-79. Mas o Ernesto mais famoso e mítico é, sem dúvida alguma, Ernesto Guevara de la Serna, “el Che”, do qual não poderia agregar aqui nem uma palavra, às tantas que já foram escritas sobre ele. Porém, hoje eu queria falar de outro Ernesto, também argentino,  também controverso.

sábado, 30 de abril de 2011

Para que serve a ciência?



                                                                     (Quino)

Vou mudar a tônica neste post, afastando-me apenas superficialmente do tango, já que na essência, a meu ver, quase qualquer atividade humana pode ser descrita pelos versos de Cambalache.
Um amigo muito próximo, porém distante geograficamente, me enviou um vídeo que me fez refletir, sentir, lembrar, questionar tempos que eu achava esquecidos. Tempos em que decidi, depois de muitas dúvidas, questionamentos e medos, ser um cientista.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Névoas...


Se aproxima o feriadão de semana santa e, provavelmente, muitos aproveitarão a folga para conhecer algum lugar "exótico". Nos últimos tempos, dada a conjuntura econômica, Buenos Aires é um desses destinos escolhidos por muitos turistas. Uma dica interessante, que deveria ser regra de todo viajante, é tentar evadir-se dos circuitos turísticos comerciais e aventurar-se a percorrer "o bairro", a cidade real, fazendo contato com pessoas reais, longe dos estereótipos criados ao longo de tanto tempo. A percepção da cultura da cidade ajuda a vivenciar com mais intensidade esta experiência singular. Neste sentido, a poesia apresenta uma perspectiva privilegiada que, com certeza, fará com que esses dias de férias sejam muito mais do que um divertimento. E, quem não for viajar, pode aproveitar a poesia e a música para fazê-lo, desfrutando da liberdade infinita que brinda esse meio de transporte.